segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

HIP HOP TRABALHO CONSCIÊNCIA



O movimento Hip Hop de Rio Claro esta fundamentado na proposta de dar organicidade ao movimento, de forma que a arte contribua para dar voz as transformações sociais que queremos pros nosos bairros.

Essa é a bússola que orienta : “Ainda não está tudo dominado”. A arte tem que ser engajada, tem que dar conta de unir todos os bairros de Rio Claro. Temos que formar os “linhas de frente” dessa batalha que enfrentamos no dia a dia para ter o reconhecimento desta grande maioria que não é respeitada em seus direitos de pessoas, cidadãos e artistas.

“Um bom lugar se constrói com humildade!”, e é isso mesmo, o fortalecimento da organização tem que levar em conta o tamanho da cidade e a enorme demanda de atividades e necessidades. Cada um que compõe o movimento tem que ser os “QG´s” que atuarão diretamente junto a rapa das regiões leste, norte, sul e oeste da cidade, tudo na base do respeito e da humildade.


O berço do hip hop no Brasil é São Paulo, onde surgiu com força nos anos 80, nos tradicionais encontros da rua 24 de Maio e do metrô São Bento. Naquela época o Brasil encontrava-se num cenário muito conturbado e efervescente: iniciava uma transição do Governo Militar,conhecido como os Anos de Chumbo, para a o Governo Democrático, ou seja estava sendo forjado a transição de uma forma de governo onde era mínima (ou nenhuma) participação do povo para uma forma de governo onde o povo poderia escolher por quem seria governado.

Essa pressão por mudanças pôde ser visto na própria caminhada inicial do movimento hip hop. Nos primeiros anos da década de 80, onde a repressão sempre achava uma forma sangrenta de acabar e inibir qualquer forma de expressão popular, aqueles jovens da periferia não se intimidaram, não se esconderam e muitos menos se calaram, enfrentaram todas as dificuldades da época para praticar e divulgar a cultura Hip Hop. Foram esses guerreiros que abriram as portas para o que hoje se vê em todo território brasileiro, do Oiapoque ao Chuí: grafiteiros e grafiteiras, dj´s, b.boy´s e b.girl´s e mc´s fazendo a revolução que já não é mais tão silenciosa como muitos gostariam que fosse.

Passado mais de duas décadas, hoje ainda somos raízes e originais. O hip-hop brasileiro mantém seus pilares fundamentais: a contestação e a rebeldia, a capacidade de dar voz ao oprimido, de externar seus sentimentos de indignação através do 4 elementos perante o mundo. Adquirimos conhecimento e experiência sobre a dinâmica do movimento e aprimoramos suas características. Além de sermos artistas, somos algo mais importante dentro de nossos bairros, pois utilizamos nossa arte para a transformação dessa sociedade injusta e desigual, para conclamar mais e mais guerreiros na nossa luta contra essa elite que se diz democrática e nos exclui permanentemente.

Brasil, Maio de 2009, século XXI, Somos o Exército de Zumbi nos quilombos urbanos! Somos o elo da corrente que não quebrou! Somos a resistência nessa sociedade gananciosa e capitalista que dia a dia nos massacra, determinando o ponto máximo da escada, a partir dos seus carrões importados, apartamentos de luxo, roupas de marca, comidas caras e pensamentos elitizados e preconceituosos. São estes os mesmos que nos pedem um currículo com curso superior, profissionalizante, anos de experiência na área, especializações e, na maldade, ao mesmo tempo nos negam vaga na escola, e quando arrumamos a vaga nos ofertam um ensino de péssima qualidade para que sejamos mão de obra barata, trabalhadores miseráveis no mercado informal ou pior ainda, a parte que eles mais gostam, nos empurram para o crime. É assim que funciona o sistema capitalista, ele tem vários serviçais a sua disposição e o objetivo deles é transformar seres humanos em apenas cifrões que rendam juros.

Então guerreiros e guerreiras, se somos a base da pirâmide na estrutura social, somos a maioria. Temos que ser os “linhas de frente”, os soldados do exército dos pobres nesse campo de batalha! Vamos nos organizar, vamos honrar os nossos primeiros guerreiros que enfrentaram a polícia, que apanharam para dar voz à liberdade e a luta contra essa opressão. Tamu ligado que muitos e muitos dos nossos pagaram com a própria vida o custo desse sistema que está aí.

O movimento Hip Hop de Rio Claro tem essa tarefa. “Ainda não está tudo dominado como cantamos nos quatro cantos”. a ordem é ORGANIZAÇÃO e OCUPAÇÃO. Organização para ocupar todos os espaços que nos pertence: as associações de bairro, as escolas, as universidades, os sindicatos, a câmara municipal, os palcos iluminados do teatro municipal. Vamos ocupar.

Militantes do Hip Hop: UNI-VOS!