sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Homem que não olha pra trás



Senhoras e senhores, a cada lua que passa sobre minha cabeça eu me indigno mais com o ser humano.
Como pode o homem esquecer tão facilmente das suas histórias sofridas, como pode um indivíduo esquecer as pessoas que lhe ajudaram.
Será que o mundo esta mesmo no fim? Será que os Incas realmente tinham razão?
Meu “camarada” velho de lutas vermelhas, de goma humilde, que há tempos andava a pé por entre as bicicletas de Rio Claro, que se matava de trabalhar no atendimento ao publico.
Esperou muito tempo, esperou, mas chegou sua vez, e o que fez?
Estruturou, se montou, maravilha! Fui sincero quando disse: -é isso memo parceiro!
Nada mais justo, cuidar de si primeiro, se fortalecer, mas meu erro é ser otimista demais, e pensar que ninguém põe alguém na frente de dinheiro, pensar que o poder não vai cegar as pessoas.
Meu truta cresceu, agora é chefe do departamento, do departamento em que minha mãe trabalha a mais de 15 anos.
Minha mãe não quer muito, só pagar os dois anos que faltam e entrar na tão sonhada aposentadoria, seu descanso após tantos anos de trampo, filhos, e um divórcio chato de lidar.
Mulher guerreira, de sábias palavras, mas medo de volante, ela não dirige, mas se dirigisse também, não tem o salário do meu “camarada”, ela não pode comprar um carro. Mas nem precisa ela trabalha pertinho da casa dela o postinho de saúde é logo ali.
Espera! Eu disse trabalha? Não.
Trabalhava, enfiaram a coroa num trampo do outro lado da cidade, que eu só não vou chamar de “Cú do Mundo” porque eu tenho vários camaradas de verdade lá. E a quebrada é firmeza, mas mesmo assim é longe. Eu até cheguei a pedir a mudança dela pra perto, mas parece que isso não vai mesmo acontecer.
Sinto-me impotente de não poder fazer nada, sinto-me um bosta, se eu tivesse estudado como ela falou talvez eu pudesse dizer a ela pra largar essa bosta e mandar todo mundo ir tomar em Brasília. Mas a vida é assim mesmo, aos trancos e barrancos, tropeçando, embriagando esse povo só se fode, e aprende que neste mundo o ser humano vale menos que o dinheiro.

Desculpa mãe.

Endjay